“Narciso acha feio o que não é espelho”. Esta frase faz parte de uma música de Caetano Veloso e traduz o sentimento de alguém que só admite a sua beleza. O narcisismo descreve uma pessoa que se ama ao extremo, só que na questão social o narcisismo apresenta suas armas quando o indivíduo não consegue olhar para os lados e perceber que todos são diferentes e que em alguns casos as pessoas podem parecer, em parte, com ele.
Em discussão com um colega, relatei a minha indiferença quanto às discussões relacionadas com a qualidade da musica produzida nos dias de hoje. No meu pensamento todos, têm o direito de produzir qualquer tipo de música e quem considera uma música com valor e a outra sem valor, desconhece que a música é simplesmente arte e sendo assim cada um tem o direito de expor sua linguagem para tentar se comunicar. Se esta ou aquela linguagem não encontra apoio no gosto de cada um, é uma outra coisa.
Eu me pergunto – Como um ritmo, tipo a música sertaneja, que tem uma legião de fãs, pode ser considerada de péssima qualidade? Afinal, todas aquelas pessoas que gostam estão erradas e só eu estou certo?
Acredito que o princípio da resistência ao diferente é o mesmo princípio da idéia de Hitler. Ele foi mais além e quis exterminar os que, na ótica dele, eram impuros. Da mesma forma os que execram qualquer tipo de ritmo musical, que não te agrada, tenta exterminá-lo.
Vem-me à mente a velha filosofia – “O que seria tal cor se as outras não existissem?”. Imaginem se toda a música produzida no mundo fosse igual a aquela que eu gosto.
Eleger esse ou aquele artista como o melhor e único é o mesmo que exigir que todos joguem iguais a Pelé.
Parece-me incoerente as pessoas que fazem uso de tal discurso buscarem ao mesmo tempo encontrar soluções para a violência que campeia a sociedade humana. Não seria violência exigir que todos tenham o mesmo gosto musical?
Nessa intransigência também se devem incorporar outros discursos que não admite outros diferentes, como: Gordos, cabeludos, Barbados e etc.
Quando se critica atos e formas de vida diferentes do seu tem que se atentar para não incorrer no erro de determinar o certo e o errado. Neste mundo dito globalizado, temos que conviver com os diferentes. É de bom alvitre não idealizarmos um mundo que seja a nossa cara, para que não se ache feio aquilo que não é espelho.